#44 – Uma espreitadela à economia do futuro
Quase todos acreditam que o progresso é inegável e indiscutivelmente melhor. Todavia, um dos problemas é que as novas tecnologias nem sempre funcionam como anunciado. Outro é que nem sempre estamos ajustados para as receber.
Caro leitor,
Uma das reivindicações das novas tendências é que as coisas têm de ser diferentes, modernas e novas.
Quase todos acreditam que o progresso é inegável e indiscutivelmente melhor.
Todavia, um dos problemas é que as novas tecnologias nem sempre funcionam como anunciado.
Outro é que nem sempre estamos ajustados para as receber.
Regresso ao futuro
Para nós o prazer antecipado do que nos é familiar é mais atraente do que as surpresas do desconhecido.
Além disso, da minha experiência, a maioria das novas tecnologias são uma perda de tempo.
A maioria das invenções são um fracasso e a maioria das novas boas ideias – em particular na política – são panaceias que são testadas e testadas novamente… quase sempre com desgosto.
Mas nestas duas semanas iremos regressar ao futuro, para tentar ligar os pontos entre tecnologia, investimento e a economia do futuro.
E vamos começar por explorar um dos novos investimento “tech”, a construtura de veículos elétricos – a Tesla.
O gestor de ativos Harris Kupperman (autor do blog Adventures In Capitalism) proporciona-nos uma lista de invenções e inovações que foram esquecidas por outras invenções: Palm, Gateway, BlackBerry, GoPro, Fitbit, Handspring, Compaq, Blu-Ray, Garmin, DeLorean, Casio, Sega, Tamagotchi, TiVo, Betamax, AOL, Walkman, Kodak, Atari, Napster, Netscape e a Polaroid.
E a questão que está em cima da mesa é: será que a Telsa vai juntar-se à lista?
Muitas pessoas pensam que tal possa acontecer.
Os investidores que apostam contra as ações da Tesla são mais que muitos, ao mesmo tempo que a empresa está a ficar sem dinheiro.
Por outro lado, o CEO da empresa, Elon Musk, é um génio.
Se quer viajar até Marte e tem muito dinheiro, ele é provavelmente a pessoa com quem deve falar.
Mas se não quer ir até Marte e quer apenas aproveitar a vida na Terra, o melhor é afastar-se dele.
Apesar de o dinheiro entrar na empresa de Musk, raramente volta a sair.
Jonh DeLorean, descansa em paz
Como funciona o capitalismo?
As pessoas colocam as suas poupanças em novos projetos na esperança de as receberem de volta… e com algum rendimento.
Esta última parte, “algum rendimento”, é importante.
É a medida de sucesso do projeto. Os comunicados de imprensa não interessam. A formalidade dos resultados anteriores são uma distração. A nível de celebridade do fundador, também não é importante.
O que realmente importa é o dinheiro a entrar… e o dinheiro a sair.
Se o capital investido entra, mas depois não sai, é uma perda e os investidores ficam mais pobres.
O mundo também ficou mais pobre, pois tem menos capital disponível para outros projetos ou consumo.
Até agora, a Tesla apenas tem destruído capital, mas o seu valor de mercado é de $53 mil milhões.
Este valor é mais alto do que o da Ford, apesar de esta apresentar resultados de $4,6 mil milhões no ano passado e a Tesla ter perdido $675 milhões.
E a Tesla tem um valor de mercado quase tão alto como o da GM, que teve um resultado líquido de mais de $9 mil milhões em 2016… e que vendeu mais de 10 milhões de veículos contra os 76.000 da Tesla.
E as perdas estão cada vez maiores.
Apenas no último trimestre, desapareceram $619 milhões.
Para compreendermos isto tivemos que puxar pelas nossas memórias de infância.
A imagem do DeLorean, criado pelo fundador John DeLorean, vem-nos à cabeça.
O DMC-12 era elegante, “futurístico”, já foi um dos mais inovadores automóveis alguma vez comercializados.
Era o carro da trilogia “Regresso ao futuro”.
John DeLorean fundou a sua empresa – a DMC – em 1975 e ao longo dos anos ele recebeu – e destruiu – cerca de $100 milhões.
No final, ele estava tão desesperado por financiamento, que acabou um alvo fácil para o programa de “ciladas” do FBI.
Os agentes, fazendo-se passar por investidores, convenceram-no a importar $24 milhões de cocaína e gravaram as conversas.
O DeLorean safou-se das acusações, mas a DMC abriu falência em 1982.
Mais tarde, enfrentou diversos processos dos investidores e das pessoas que compraram o carro e que acabaram por levá-lo à falência pessoal.
Em 2000, perdeu a sua casa.
Acabou por perder a cabeça também e, após um ataque cardíaco, acabou por falecer em 2005.
Isto foi na altura.
Atualmente, Kupperman fez a seguinte questão: “Quando é que as ações da Tesla irão finamente implodir?”.
Ao que ele próprio responde: “Na altura em que novos e melhores produtos chegarem ao mercado, as pessoas vão aperceber-se de que o vaidoso projeto de Elon Musk é uma incineradora de dinheiro. E esse momento está a chegar, rapidamente. Muito rapidamente”.
Até para semana,
Diogo Baltazar